Formado por duas irmãs apaixonadas e saudosas das receitas de família, o Tempero do Tempo tem como objetivo resgatar e difundir a ideia da alimentação caseira brasileira. Com suas formas simples de preparo e combinações intuitivamente saudáveis, estas receitas são sugeridas em resposta à crescente descaracterização e excessiva industrialização da alimentação tradicional brasileira, e os efeitos negativos que estas tendências trazem para a saúde.

Neste espaço, além de destacar o valor nutricional e cultural das mais apreciadas receitas da nossa cozinha, apresentaremos dicas e truques de preparo caprichosamente transmitidos de geração em geração. Os pratos escolhidos trazem portanto a combinação perfeita de ingredientes e temperos básicos que, testados e aperfeiçoados através dos tempos, representam verdadeiros tesouros da nossa culinária.

Apesar de simples, as receitas aqui reunidas (e as saborosas histórias que as acompanham!) foram cuidadosamente selecionadas para encorajar os leitores tanto a redescobrir a riqueza da culinária brasileira, como a encontrar o tempo da alimentação saudável, saborosa e prática.

Bom apetite!

17.4.12

O Prato Feito

Um "prato feito" com arroz, feijão, carne e vegetais é um exemplo prático de como montar uma refeição observando as principais recomendações de uma alimentação saudável. Ele é uma combinação de itens simples, muito conhecidos no nosso dia-a-dia, mas que merece a nossa atenção quanto às quantidades consumidas de cada um!
Com as mudanças que vêm ocorrendo na nossa alimentação, o IBGE apontou que 82% da população ultrapassa o consumo recomendado de gorduras saturadas e apenas 30% atinge a recomendação para o consumo de fibras.

O que isso tem a ver como o nosso “Pê-Éfe"?

Ocorre que um padrão alimentar caracterizado pelo consumo excessivo de gorduras saturadas e pela redução no consumo de fibras está associado a um maior risco de doenças cardíacas, diabetes e alguns tipos de câncer. Como as gorduras saturadas são encontradas predominantemente em alimentos de origem animal e as fibras são encontradas nos cereais integrais, frutas, verduras e legumes, com uma boa organização dos componentes do prato “feito”, podemos adequar o consumo dos fatores alimentares associados à proteção contra essas doenças.
Vamos usar como representantes de uma boa combinação o bife e a couve.
Apesar da carne vermelha ser uma das mais conhecidas fontes alimentares de de gorduras saturadas, a última POF1 mostrou que outros alimentos ultrapassaram a carne vermelha como os principais contribuintes dessas gorduras no nosso padrão alimentar. São eles, em ordem crescente: salgados, doces, salgadinhos industrializados e principalmente biscoitos recheados.
Em comparação com esses alimentos, no entanto, o bife fornece tanto um perfil completo de aminoácidos para o crescimento e a formação de células, hormônios, enzimas e tecidos, como o ferro de alta biodisponibilidade, cuja assimilação é comparativamente maior do que a do ferro encontrado no feijão e na couve, por exemplo.
A carne vermelha também é boa fonte vitamina B12, que atua com o ferro na prevenção da anemia, além de zinco e selênio, que aumentam a resistência do organismo.
Por último, o ferro das carnes e vísceras também ajuda a aumentar a absorção do ferro dos vegetais, como aquele encontrado na couve ou no espinafre.
Com isso, mais uma vez vamos reforçar a recomendação de uma alimentação saudável básica, com quantidades moderadas de carne vermelha (e de outras fontes de gorduras saturadas), pois mesmo em carnes que não têm gordura aparente, ela pode estar alojada entre as fibras da carne. No entanto, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, é mais saudável comer um bife pequeno como parte de uma refeição equilibrada do que um salgado “assado”.
Agora sim, vamos às receitas de bife e de couve na próxima publicação do blog!


1 POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares

3 comentários:

  1. Parabéns pelo Blog! Adorei!
    Olha, vou aproveitar para tirar uma dúvida: teria a carne de porco, lombinho ou pernil, as mesmas propriedades nutritivas da de boi? Posso utilizá-la no meu PF sem muita preocupação?
    Muito obrigado,
    JH.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Olá João,
      Obrigada pela sua participação no blog.
      As carnes vermelhas, que incluem a carne de carneiro, boi e porco, em geral contêm mais gorduras saturadas e colesterol do que as carnes brancas, do peixe e das aves. Por isso se recomenda que as carnes vermelhas sejam consumidas com moderação, ou seja, porções pequenas de cortes magros, intercaladas no cardápio com as carnes brancas.
      Quais delas podem fazer parte de um prato equilibrado? Eu sugiro o lombo de porco como variação para o filé mignon ou outra carne vermelha magra. Um pedaço de pernil no entanto, mesmo assado, tem cerca de 30% da recomendação diária de gordura saturada, o que é comparável ao teor de gordura da picanha.
      Bom apetite!
      Maíra

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